segunda-feira, novembro 27, 2006

A síndrome de Estocolmo e a cidade capataz

"O carioca sofre de uma espécie de síndrome de Estocolmo, onde o capataz é própria cidade".

Um cirurgião no Rio

O diário do cirurgião capixaba JÓRIO DE BARROS, que se divide entre o Hospital Federal do Andaraí e o hospital da Polícia Militar do Rio de Janeiro, é um retrato da nossa falta de infra-estrutura. Vinte e sete anos de idade e quatro de residência, salário de 3 mil reais, e rachando o aluguel de 1,6 mil com os irmãos, já operou mais de duzentos pacientes. Ele mora na Tijuca, namora uma pediatra. A seguir, suas anotações de um mês de rotina.

http://www.revistapiaui.com.br/2006/nov/diario.htm

sábado, novembro 25, 2006

Maricotinha

Andar de moto é ter a música Maricotinha, de Dorival Caymmi, o tempo todo na cabeça.

Se fizer bom tempo amanhã
Eu vou
Mas se por exemplo chover
Não vou
Diga a Maricotinha que eu
Mandei dizer que eu
Não tô
Não tô... não vou
Se fizer bom tempo amanhã
Eu vou
Mas se por exemplo chover
Não vou
Uma chuvinha, redinha, cotinha
Aí... piorou
Nem tô... nem vou
Se fizer bom tempo...

segunda-feira, novembro 20, 2006

Bichos da cidade. Primavera

Um enxame de tanajuras, formigas grandes com asas, assustou banhistas na praia da Barra, sobretudo no trecho entre o Pepê e o Quebra-Mar, nas tardes de ontem e anteontem. Algumas pessoas não conheciam o inseto e se afastaram, confundindo-o com vespas. A formiga também foi vista no Cosme Velho, em Pendotiba, Região Oceânica de Niterói e, segundo o professor titular de entomologia da UFRRJ, Eurípedes Barsanulfo Menezes, ela aparece do sul do Texas, nos Estados Unidos, até o norte da Argentina. A tanajura é a forma reprodutiva da saúva. A revoada ocorre uma vez por ano, sempre em muitos sauveiros ao mesmo tempo.

— Os machos morrem após o acasalamento e apenas 0.05% das tanajuras sobrevivem, atacadas por predadores naturais e até mesmo o homem — disse o professor.

Muitas pessoas gostam de comer as tanajuras, inclusive o professor especialista. Na praia da Barra, o paulista Julian Gonzales disse que o bicho é um delicioso tira-gosto, quando seu abdômen é frito.

— É salgadinho, tem um gosto único — garante Julian.

Já o publicitário carioca Vinícius Bastos não conseguia disfarçar sua reprovação ao se imaginar diante de um farto prato de tanajuras fritinhas:

— Nunca comeria esse bicho, tá maluco! Gosto de filé de frango, massa e salada.


A agrônoma Maria Lúcia França Teixeira, que trabalha com insetos no Jardim Botânico, explica que a tanajura não faz mal algum.

— Mas se o enxame for muito grande pode ter sido provocado por algum desequilíbrio.

Na Barra, no entanto, o professor Eurípedes prevê o crescimento da população de saúvas:
— Vai aparecer muito formigueiro em condomínios chiques. A formiga, cortadora de folhas, não respeita o quintal do vizinho — disse o professor, explicando que as folhas não são comidas, mas usadas para manter fungos nos formigueiros, esses sim, o alimento delas.

O historiador Milton Teixeira lembra que a saúva chama a atenção há muito tempo. Em 1587, Gabriel Soares de Souza, no livro “Tratado Descritivo do Brasil”, afirmou: “Ou Brasil acaba com a saúva ou a saúva com o Brasil”.

— Era preciso combater a formiga para viabilizar o plantio da cana-de-açúcar. Além da saúva, apareceu na cidade, nos anos 80, um percevejo que logo ganhou o apelido de Idiamim-dadá, por causa de Idi Amim Dada, ditador de Uganda. Nos anos 60 foi a vez da lacerdinha, que queimava os olhos das pessoas, na época do governo Lacerda — disse.

O professor Eurípedes explica que tanto lacerdinha como Idiamim-dadá continuam existindo, mas com as suas populações controladas. O primeiro inseto, GynaiIwthrips fiicorum É uma praga do fícus, causando deformação e enrolamento pela injeção de toxinas. Quando em contato com a pele e, principalmente, quando atingem os olhos, causam forte irritação. Já o Idiamim-dadá, o besouro lagria villosa, veio de Uganda. É uma praga de feijão que morre fácil com ataque de fungos.

— O lacerdinha quando cai no olho da pessoa queima, é um bicho muito chato — disse Eurípedes.