sexta-feira, maio 16, 2008

Os eleitos

Tocar violão é uma arte. Digo isso me referindo aos que tocam bem. A destreza, a agilidade com os dedos de ambas as mãos, é uma dádiva concedida por Deus a alguns eleitos. E quando além dessa benesse recebida, o próprio instrumento resolve escolher alguns como seus protegidos e ao invés de tocar, esses escolhido tem os seus dedos conduzidos por ele, por suas cordas e trastes? Nesses instantes, o músico nada faz a não ser deixar-se conduzir docilmente pelo violão. A interação é total e a harmonia única. Homem e instrumento fundem-se em um só corpo e, quem contempla esses momentos tem uma singular certeza: está vivendo um momento divino.

Quando vi e ouvi Yamandú Costa tive essa sensação e uma inquietação nasceu
materializada nessa pergunta: o que fazer para cair nas graças do meu violão???

segunda-feira, maio 12, 2008

Isabela

Ninguém sabia, pois não contei pra ninguém, mas torci muito para que aparecesse marcas de uma terceira pessoa no quarto. Minha boca fica seca, sinto náuseas, fico sem chão, quando penso que um pai possa ter feito o que o Alexandre fez.

Quem sabe ainda haja tempo e se descubra não ser ele o verdadeiro culpado?

Tudo indica, porèm, infelizmente, que não existe mais ninguém envolvido.

Como seria bom, nesse caso, se ele assumisse sua culpa,e, sinceramente arrependido, se confessasse um pusilâmine covarde por ter permitido que fizessem o que fizeram com sua filha (a esganadura), e um verme por ter jogado a menina Isabela pela janela.

Com essa atitude, ao invés de ficar negando por medo da punição, ele estará dando o primeiro passo para recuperar a condição de ser humano, que perdeu, naquela noite fatídica de sábado.

domingo, maio 04, 2008

Só um breve comentário

Todo mundo que estudou ou estuda Platão conhece o “Mito da Caverna”. O difícil é perceber a relação existente entre esse mito de Platão e o recente "caso austríaco" que está em todos jornais do mundo. Um amigo percebeu e me sugeriu o paralelismo.

A caverna de Platão, alegoria, é muito, muito interessante. Por demais interessante o que ele imaginou como representação para os que não conhecem ou não querem conhecer a verdade, ou melhor, depois que tomam conhecimento dela, preferem fingir que nada sabem e assim não têm que enfrentar o novo, o que antes era desconhecido...

Já o caso austríaco, é demasiado triste; antes de ser filosófico, é psiquiátrico.

O mundo, esse desconhecido para os homens da “caverna de Platão”, já era conhecido pela família dele (filha, mulher, filhos e netos), através da televisão. Porém, podemos pensar que eles não tinham a menor idéia do que se passava diante dos seus olhos, uma vez que, a ser verdadeiras as informações que temos à respeito desse caso, jamais saíram do porão. Será isso verdade? O que será que pensavam a respeito do que viam na televisão? O que lemos nos jornais é que ficaram fascinados/assustados com a lua, com os carros que passavam por eles em sentido contrário e em alta velocidade, em suma, com o mundo novo com que agora eles travam conhecimento.

Eles, ao contrário de alguns “homens da caverna de Platão”, com certeza, não quererão fazer o caminho de volta à morbidez do porão, apesar das dificuldades que enfrentarão nas suas inserções ao convívio social.

E sobre o pai, o que se pode falar à respeito de um homem que tem esse tipo de comportamento? Com a palavra, a justiça austríaca.