quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Cabe ao torcedor carioca

Cabe ao tricolor o papel histórico dos almofadinhas diante de uma derrota. Sempre desdenham, minimizam o jogo e o adversário. Seus narizes empoeirados de arroz ficam em pé mesmo após uma goleada. São capazes de citar livros e futilidades da bola: coisa de fresco. Ou, como eles mesmo dizem, de elite. Por isso nunca deixariam transparecer que uma derrota dói tão profundamente.

Cabe ao vascaíno (desde de eurico miranda, isto um dia vai mudar, espero) o papel bobo de viúva do flamengo. São eles que preferem uma derrota do rubro-negro à vitória do próprio time. Pura dor de cotovelo. Inveja. São eles que reclamam do juiz como se tivessem sido ofendidos, porém, tão raçudos quanto os flamenguistas, não promoveriam a lamentável cena de chororô coletivo do Botafogo após a derrota para o Flamengo.

O botafoguense não. É mais malandro do que os tricolores. Quando perdem, aceitam o resultado com o sorriso maroto. Sabem que a vida dá voltas, mesmo que demore 21 anos. Têm bom humor e a sabedoria de botequim. É um utópico, que ainda crê no Rio capital do Brasil, nem que seja a cultural. Essa é a alma botafoguense, que não combina com o papel de vítima que está virando rotina recentemente. Mas talvez esteja afinado com a cidade. Esta, amedrontada pela violência. Aquele, com medo da derrota (que também pode ser chamado de medo da vitória). Mesmo assim, o carioca não sai da rua (apesar de voltar mais cedo para casa). Dito isso, retruco a paranóia coletiva que está tomando conta do Botafogo com um DESCE DO SALTO E VOLTA PARA O CAMPO PRA JOGAR BOLA!

PS: Já que falei dos outros três times, digo o que cabe ao Flamengo na minha opinião de flamenguista. É o time da massa e da raça. Do vermelho e preto. Por isso não cabe ao flamengo ponderação, como a paixão. Se perde, sofre (mesmo quando ele não vai bem, algo me diz em rubro-negro, que o sofrimento leva além, não existe amor sem medo. Djavan). Vai trabalhar com dor de cabeça, desvia dos amigos. Mas aceita a derrota porque conhece bem o outro lado da moeda: a vitória. Quando ganha explode, toma as ruas, não cabe em si. Se faz um gol, acha que vai ganhar, que nada vai tirar dele o título, que é a raça, que são os deuses, que tudo conspira a favor do Flamengo (Por isso o gol de barriga do Renato doeu tanto: eu estava lá no Maraca). Maraca, alias, que é nosso!

6 comentários:

José Carvalho disse...

Quando voc� ecreveu esse texto, provavelmente exibia um sorriso de desd�m entrecortado por profundos e expressivos muxoxos...(t�dio com ese n�o mais acabar de vit�rias)

...mas a culpa n�o � sua e sim dos que insistem em torcer por outros times que n�o o MENG�O.

Adorei a cr�nica. Queria ver escrever assim se voc� fosse torcedor do flu, vasco ou botafogo.
O MENG�O inspira, ilumina, lava a alma.

Parab�ns!

Beij�o pro's Mudes,

K

Mitzzi Carvalho disse...

Se o Flamengo perde, uma das diferenças é que a galera não culpa o mundo, mas o próprio time, o treinador.. O Flamengo lava roupa suja em casa, como deve ser.

Renato Motta disse...

Muito bom, muito bom mesmo!!!!

Cláudio Motta disse...

valeu!

Anônimo disse...

Mengo!!!!!!

Cláudio Motta disse...

:)